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REPRESENTATIVIDADE DA AED E O SEU CONTRIBUTO PARA REFORÇAR A EFICIÊNCIA COLETIVA

As mudanças verificadas no sector aeroespacial em Portugal na última década foram consideráveis, gerando um impacto importante na economia nacional, assim como uma alteração de paradigma no sector industrial.

De um cenário onde o negócio era baseado na manutenção, reparação e operação, Portugal evoluiu para a situação de interveniente global nas áreas de desenvolvimento, engenharia e fabricação, oferecendo soluções, conjuntos complexos e partes de aeronave críticos na cadeia de fornecedores de produtores de produtos finais globais (os “OEM”).

Este desenvolvimento partiu muitas vezes de projetos colaborativos, como forma de agregação de valor à oferta nacional, permitindo às empresas portuguesas apresentarem-se como fornecedores alinhados e consolidados de soluções competitivas em detrimento de competências individuais. O importante investimento recente de novas empresas em território português, como a Thales Alenia Space, Mecachrome, Lauak e, incontornavelmente, a Embraer, veio contribuir de sobremaneira para a alteração do cenário nacional, com projetos integrados que promoveram a engenharia, a indústria e a cadeia de fornecimento no país. A criação de Cursos de Formação ou de Centros de Excelência e Engenharia posiciona estas apostas num plano de médio/longo prazo, fundamental para Portugal.

Como bons exemplos de projetos decorrentes do “efeito Embraer”, temos o projeto da semiasa, desenvolvido em parceria com o ISQ, a participação no projeto  KC-390 ou os projetos LIFE (Crystal Cabin Award 2012), bem como o NewFACE, os quais reúnem consórcios nacionais de norte a sul.

Neste contexto, a PEMAS (Associação Portuguesa da Indústria Aeronáutica) teve um papel fundamental no fomento de projetos de cooperação e na promoção internacional do sector. Fundada em 2006, a PEMAS é uma rede aberta que representa e integra a maioria da indústria aeronáutica nacional, à qual juntou o sistema científico e tecnológico, o sistema de ensino e os utilizadores finais numa visão comum de colaboração estratégica para o desenvolvimento do sector e do país, assim como na implementação de linhas de ação, nomeadamente:

  • Apoiando a integração em redes de fornecimento aeronáutico nacional e internacional;
  • Promovendo e gerando programas aeronáuticos inovadores e de valor acrescentado;
  • Contribuindo ativamente para a definição de políticas públicas para a indústria aeronáutica e mercados envolventes.

CRIAÇÃO DA AED

Os vários anos de colaboração da PEMAS com as suas congéneres nacionais do Espaço e da Defesa (PROESPAÇO e DANOTEC) deram origem à AED (Federação das Associações da Aeronáutica, Espaço e Defesa), que permitiu alargar este cenário a 68 empresas e institutos.

Hoje, estas entidades representam um universo com mais de 18.500 postos de trabalho altamente qualificados, um turnover superior a 1,7MM€ e que exporta mais de 87% do seu trabalho.

Os membros da AED trabalham em áreas como Estruturas e Materiais e Tecnologias de Produção, Ferramentas e Sistemas de Suporte, Sistemas e Eletrónica Embarcada, Aviação Comercial e Interiores de Cabine, mas também em áreas transversais como a Formação, Certificação, Teste e Ensaios (onde o ISQ tem um papel determinante), para praticamente todos os maiores players mundiais.

A dinâmica criada entre os membros das associações permitiu a dinamização de grupos de trabalho contínuos ou ad hoc, onde são discutidos e desenvolvidos temas de interesse comum. Neste contexto, foram já desenvolvidos mais de 18 projetos de colaboração entre associados, assim como projetos de eficiência coletiva e internacionalização.

Entre outros, conta-se a formação e acompanhamento de projetos como o PAIC – um projeto de contrapartidas militares concluído com sucesso – ou a dinamização da participação portuguesa no Clean Sky 2, através do AeroCluster Portugal (www.aeroclusterportugal.pt), resultando na inédita participação de 14 empresas portuguesas num programa deste tipo.

A criação de uma rede mais ampla de colaboração, envolvendo empresas, entidades de interface e decisores públicos, gera valor não só para os intervenientes diretos, mas também um inegável efeito multiplicador para a economia nacional.

Outro aspeto fundamental a considerar para estes sectores é a definição de políticas públicas.

Se no passado a falta de orientação estratégica de longo prazo não permitiu um esforço nacional integrado, é cada vez mais necessário que as novas políticas públicas alinhem o mercado da Aeronáutica, Espaço e Defesa português com as características deste mercado: longos ciclos de desenvolvimento, barreiras à introdução de novos produtos/serviços e necessidade de esforços comerciais conjuntos para uma abordagem eficiente a OEMs e fornecedores de primeira linha.

A identificação estratégica das áreas competitivas e a definição de programas de apoio de longo prazo focados no desenvolvimento de produto e em resultados concretos contribuirão também para alavancar a situação nacional. Neste campo, a AED é hoje bem conhecida como ponto de contacto junto de AICEP, IAPMEI, ANI, GPPQ, FCT ou dos Ministérios das respetivas tutelas. Além disso, pode ter um papel fundamental na interface das políticas públicas com a indústria.

Por tudo isto, a criação da AED Portugal é um passo natural para reforçar o contributo das iniciativas de eficiência coletiva. O aumento da massa crítica e a abertura de âmbito significam mais representatividade e maior número de projetos de cooperação. Ao nível tecnológico, as inúmeras áreas transversais aos três sectores sustentarão a proliferação de tecnologias de duplo e triplo uso, além de fomento à inovação. A criação de uma rede mais ampla de colaboração, envolvendo empresas, entidades de interface e decisores públicos, gera valor não só para os intervenientes diretos, mas também um inegável efeito multiplicador para a economia nacional. A nível internacional, destaca-se também a participação ativa da AED na dinamização de redes de cooperação, como a participação da PEMAS na co-fundação da EACP (European Aerospace Cluster Partnership – 41 clusters de 14 países) e as parcerias de colaboração da AED com as suas congéneres em Espanha, Alemanha, França ou Brasil. A presença e contacto regular com a ASD Europe, ESA, EASA e programas europeus como o CARE, ACARE ou EREA posicionou hoje os parceiros da AED como interlocutores de Portugal junto da comunidade internacional. Corolário deste trabalho, e na sequência do concurso lançado em junho de 2015 pelo Ministério da Economia para reconhecimento dos Clusters de  Competitividade nacionais, as associações PEMAS, PROESPAÇO e DANOTEC uniram esforços para definir os contornos do AED Cluster: figura que formaliza a estratégia das três entidades para este concurso, cujo resultado se anuncia para breve.

Por fim, refira-se que o programa de atividades da AED para 2016 está bem consolidado, incluindo a participação conjunta em diferentes missões e feiras internacionais, de onde se destaca a presença no salão de Farnborough 2016, de 11 a 17 de junho. Trata-se do sétimo ano consecutivo em que a PEMAS/AED assegura a presença das empresas portuguesas nos maiores eventos mundiais, enquadrada numa estratégia de longo prazo de promoção do sector nacional em inúmeros eventos desde 2004. Para além do networking e promoção de produtos e serviços, a presença nacional agregada contribui inequivocamente para um aumento da consciência internacional do valor do Cluster Aeronáutico Português. Destaque também para o Seminário AED Portugal, a 20 e 21 de outubro de 2016. Como acontece há mais de sete anos, a PEMAS/AED organiza um grande evento anual com o objetivo não só de discutir os temas de interesse das áreas da Aeronáutica, Espaço e Defesa, mas principalmente para trazer empresas de outros países a conhecer a realidade portuguesa, colocando-a no mapa internacional. Em colaboração com entidades como a AICEP ou a Câmara de Comércio Luso Francesa, em 2016 esperamos contar com o envolvimento da Câmara de Comércio Luso Brasileira e a Embaixada do Canadá, entre outras.

Está também prevista a realização da reunião anual da EACP, com representantes de todos os países participantes, pela primeira vez em Lisboa.

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