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ISQ monta e testa foguetões na Guiana

Dois terços dos foguetões privados que são lançados a nível mundial são testados pelos engenheiros  do ISQ. 

A engenharia portuguesa é uma referência no Centro Espacial Europeu (CSG), que funciona em Kourou, na Guiana Francesa. É aí que são lançados os foguetões dos três sistemas instalados no CSG: o mais avançado de todos os foguetes o Ariane 5, o russo Soyuz e o sistema do pequeno foguete europeu Vega, utilizado a partir de 2012 para lançar carga espacial de dimensão mais reduzida.

Paulo Chaves, responsável do Instituto de Soldadura e Qualidade (ISQ) com o pelouro do mercado de aeronáutica e espacial, revelou ao Expresso que o consórcio Industrial Grouping of European Companies (GIE), que integra o ISQ “acabou de ganhar um contrato para montagem, integração e teste de foguetes no CSG”, o que representa uma faturação superior a €3 milhões.

Este contrato assegura a atividade dos engenheiros do ISQ em Kourou pelo menos até 2022, admite Paulo Chaves, recordando que o ISQ é a única entidade portuguesa presente em permanência no centro espacial da Guiana desde 2004. Esta é uma das áreas mais internacionalizadas do ISQ.

“Os especialistas em engenharia espacial de diferentes países estão em Kourou durante períodos médios de três a seis meses, porque as condições meteorológicas são difíceis de suportar naquela zona equatorial, mas os portugueses têm uma melhor capacidade de adaptação àquele tipo de clima e são provavelmente o grupo de engenheiros que tem tido uma permanência mais prolongada no centro espacial”, refere. As línguas mais faladas – o francês e o português do Brasil –  também não são entraves para os portugueses.

O exemplo de José Vicente é paradigmático, pois esteve em Kourou cerca de sete anos, tendo montado e testado a maior parte dos grandes foguetões – do Ariane 5 ao russo Soyuz que – lançaram os principais satélites que estão atualmente em operação.
Este centro espacial é responsável pelo lançamento de dois terços dos foguetões que transportam cargas para a órbita terrestre. Do CSG tem sido lançada a maioria dos satélites orbitais destinados a assegurar grande variedade de serviços, desde as telecomunicações à internet e às atividades de defesa.

Também tem sido assegura do pelos especialistas do ISQ o trabalho “mais sensível do ponto de vista da segurança” desenvolvido pelo gabinete de coordenação designado por Bureau of Coordination Sauvegard (BCS), que controla e gere atividades de risco, como o transporte de matérias perigosas, em especial as “hidrazinas”, que são o combustível utilizado para a propulsão dos satélites.

O BCS também monitoriza as descargas dos navios que transportam os componentes dos foguetes montados no centro de Kourou. “As partes que compõem estes veículos espaciais com quase 60 metros de altura são montadas no CSG e os elementos do ISQ têm um papel importante nesta montagem”, comenta.

Atualmente são realizados 12 lançamentos de foguetes por ano, o que corresponde a cerca de um lançamento por mês. “A maior componente técnica de um foguete é fornecida pela indústria química, designadamente os combustíveis sólidos dos dois propulsores laterais mais o combustível líquido do propulsor central, explica.
Paulo Chaves, “Apenas um terço dos elementos dos foguetes são provenientes da indústria mecânica.” J.P.F.

Artigo publicado em Expresso, 19-08-2017, página 17.

Disponível em: http://bit.ly/2wgR9lB

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