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Pontas de cigarros como matéria prima para o fabrico de tijolos sustentáveis

Sustentabilidade, Indústria 4.0, Inovação

O ISQ aliou-se à Camara de Guimarães (Laboratório da Paisagem) e ao Centro de Valorização de Resíduos (CVR) para dar início ao E-tijolo, um projeto que visa incorporar pontas de cigarros em elementos construtivos, nomeadamente tijolos. Esta transformação de produto traz diversas vantagens, nomeadamente por conseguir um produto mais leve, com melhores propriedades de isolamento e por reduzir em 60% o consumo de energia necessária para a sua produção.

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Em Portugal, todos os anos, uma grande quantidade de beatas de cigarros vai parar a aterros sanitários e incineradoras ou é abandonada em parques e jardins, praias e calçadas.

Este projeto inovador pretende assim integrar na composição dos tijolos tradicionais as beatas de cigarros – provenientes do EcoPontas da Câmara de Guimarães -, através de processos de fabrico executados no centro de valorização de resíduos. No fundo, estamos a falar de reutilização e reciclagem dos resíduos urbanos, alavancando atividades conexas que, via investigação e desenvolvimento, podem dar origem a novos produtos. “O ISQ demonstrou uma vez mais a sua capacidade de entidade interface, ao estabelecer parcerias estratégicas entre os municípios e os centros de I&D, potenciando soluções de construção sustentável bem como um município mais verde. Desta forma, pudemos também contribuir para as diversas fases do projeto, desde o protótipo até à sua implementação num edifício caso estudo”, sublinha Muriel Iten, responsável da unidade I&Di – Baixo Carbono & Eficiência Energética do ISQ.

O processo de concretização do E-Tijolo irá passar por três momentos: inicialmente, serão criados e desenvolvidos os protótipos do produto.  Após a aquisição do protótipo, serão realizados vários testes para que seja feita a caracterização do tijolo, tendo como principal objetivo verificar a conformidade do mesmo com as normas e regulamentos europeus. Numa última fase do projeto, pretende-se reunir um conjunto de empresas do setor cerâmico para que o produto lhes seja apresentado. A Câmara de Guimarães irá, paralelamente, avaliar a possibilidade destas empresas aplicarem os tijolos fabricados pelo E-Tijolo em alguns dos edifícios que atualmente se encontram em restauração.

Já se tem vindo a comprovar, em vários estudos científicos internacionais, que a composição das beatas de cigarro apresenta vantagens na incorporação dos tijolos, nomeadamente a sua contribuição para a diminuição da argila – a matéria prima para a construção de tijolos – e a reutilização da ponta de cigarro enquanto resíduo. Para além disso, as beatas permitem reduzir os recursos energéticos na produção dos tijolos, o que melhora a eficiência energética dos processos. Em suma, podem reduzir quase 60% o consumo de energia necessária para a produção de tijolos, o produto final fica mais leve e possui melhores propriedades de isolamento, ou seja, reduz custos futuros com o aquecimento e a refrigeração dos ambientes construídos.

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Muriel Iten, coordenação núcleo do Baixo Carbono e Eficiência de Recursos na Unidade de I&D do ISQ. Professora Assistente na Universidade Lusíada, membro da Future Energy Leaders Portugal (FELP.PT) da Associação Portuguesa de Energia. Doutorada em Engenharia Mecânica - Energia Sustentável, Tecnologia e Construção pela Universidade de Coventry, Mestre em Engenharia para o Desenvolvimento pela Universidade de Cambridge, Mestre em Gestão e Tecnologia ambiental pela Universidade de Coimbra

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