Hand holding green plant with roots and soil over a city background

Não há planeta B

Sustentabilidade

O facto que mais assusta é que efetivamente não há um Planeta B.

Pelo menos por agora e seguramente nos próximos 100 anos. Ou seja, o planeta Terra é o único conhecido para nele vivermos.
Assim, esta frase – que surge da famosa adaptação do “there is no Plan B” – pode, de facto, tornar-se assustadora. Mas, mais do que assustadora, deve levar-nos a refletir seriamente sobre que destino queremos para o planeta Terra.

Foto: Time Magazine

As alterações climáticas estão na ordem do dia e a recente capa da revista TIME, com o secretário-geral das Nações Unidas vestido de fato e gravata e com água pelos joelhos, ficará certamente na História como uma das imagens que mais antecipa o futuro (ou o não futuro) do nosso planeta.

John Kennedy disse em 1961 “ask not what your country can do for you. Ask what you can do for your country”. Hoje, talvez Kennedy dissesse: “ask not what your planet can do for you. Ask what you can do for your planet”. *

E o ponto é mesmo este. O que é que nós, cada um de nós individualmente, pode fazer ou está a fazer por um mundo mais sustentável? Grande parte das pessoas preocupa-se com esta questão e toma medidas diárias para que algo mude e evolua. Mas, por muito boa vontade que tenhamos, a má notícia é que isso não é suficiente. Não vai chegar mesmo. É muito importante que continuemos a dar o nosso contributo pessoal. Perante um problema tão vasto e profundo são precisas medidas de fundo. Medidas de política que cabem às nações e aos governos, pois só assim poderão existir ações estratégicas que combatam este flagelo.

O problema está em que os Estados Unidos e as suas lideranças vivem os tempos que vivem.
A Europa, ou o espaço da União Europeia, não tem uma orientação e unidade de pensamento que permita liderar um processo tão robusto quanto é necessário para este tema. A China segue o seu caminho e tem alguma dificuldade de inverter tendências de longo prazo em prol de tendências e realidades de mais curto prazo, que estão à vista de todos. A América Latina não se entende e o seu poder económico está coartado. O Japão deixou, há muito, de ser a “gazela” que foi nos anos 80.

Não perguntes o que o teu planeta pode fazer por ti. Pergunta o que tu podes fazer pelo teu planeta

O que nos resta então? Talvez o poder para fazer algo diferente tenha de emanar das Nações Unidas e daí o relevante papel que tem tido o seu secretário-geral. A questão é que também as Nações Unidas são “um produto” dos Estados e das nações e, por isso, refletem o que estas querem…

Claro que um homem, uma mulher, uma criança podem sempre fazer a diferença. A História já nos ensinou isso no passado. Mas para um desiderato tão profundo como as alterações climáticas precisamos de uma vaga de fundo.

As Nações Unidas precisam de ser, nos dias de hoje, o detonador da implementação de reais políticas de desenvolvimento sustentável.

O papel que tiveram no século passado, de paz e de apaziguamento das nações, deve hoje ser reconvertido para um papel de liderança e de atenção para os grandes problemas do planeta: a fome, a desertificação, as alterações climáticas, os migrantes…

A questão das soluções para o ambiente e para o desenvolvimento sustentável são a nova “bomba atómica” que devemos desenvolver. Assim como vários países investiram milhões de dólares no desenvolvimento de armamento pesado e no poderio nuclear, devem hoje apostar no desenvolvimento tecnológico que permita termos um mundo melhor e uma economia e sociedade mais amigas do ambiente.

A indústria, em sentido lato, tem aqui um papel crucial, pois é um dos grandes responsáveis por um vasto conjunto de matérias que se cruzam com as questões do desenvolvimento sustentável. Por isso, no ISQ, temos investido muito no desenvolvimento de soluções que possibilitem uma indústria mais responsável, uma economia mais “verde” e que as empresas possam adotar soluções reais e inovadoras nas suas estratégias de desenvolvimento sustentável. Nos dias de hoje, não basta querer ser “verde”. É preciso ser verdadeiramente consequente.

Nos dias de hoje, não basta querer ser “verde”. É preciso ser verdadeiramente consequente.

O que veremos nas páginas seguintes são soluções e caminhos que já são possíveis, que muitas empresas estão a implementar, o que permite de facto acreditar que ainda vamos a tempo de “salvar” o futuro, pois de nada servirá um dia termos colocado o Homem na Lua, ou até em Marte, se não houver planeta Terra…

Como alguém disse, em matéria de ambiente, nunca devemos esquecer que não herdamos o mundo dos nossos avós, antes o pedimos emprestado aos nossos filhos…

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Pedro Matias, assumiu a Presidência do Conselho de Administração do ISQ em março de 2017. Licenciado em Gestão e Mestre em Economia e Gestão de Ciência, Tecnologia e Inovação, desempenhou anteriormente funções como Vice-Presidente do IAPMEI, Vice-Presidente do Pólo Tecnológico de Lisboa e Presidente de diversos Fundos de Investimento e Empresas. Foi também Administrador da APCER, membro da Direção da Startup Lisboa e desempenhou várias funções na Administração Pública portuguesa e como Assessor do Governo Português. Esteve ainda ligado a várias estruturas internacionais como a OCDE e como Conselheiro do Comissário Europeu para a Investigação no âmbito do European Research Advisory Board. Integra também o Board of Directors do IIW – International Welding Institute e o Board of Directors do TIC Council – Testing Inspection & Certification Council.

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