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À conversa com…

O ISQ, em Vila Nova de Gaia, dispõe de um conjunto de serviços de inspeção, ensaios, consultoria técnica e formação de recursos humanos dirigido ao mercado da energia, que visa a melhoria da eficiência e segurança de instalações e equipamentos. É a partir daqui que Pedro Proença desenvolve a sua atividade de Inspetor da Qualidade Industrial.

Qual a memória mais antiga que tem do ISQ?

Uma das minhas memórias do início no ISQ são as longas viagens com o colega inglês Frank Blake, que ficou por cá após o projeto da refinaria de Leça da Palmeira. Era uma pessoa com muitas qualificações em soldadura, que me permitiu aprender imenso sobre deteção e avaliação de defeitos de soldadura por inspeção visual e a sua respetiva impressão numa película radiográfica.

Como é um dia de trabalho de Inspetor da Qualidade Industrial no ISQ?

Quando estou com clientes, apresento-me de acordo com o casaco apropriado da altura. Tenho muitos casacos diferentes segundo as funções que desempenho no ISQ. Num só dia posso realizar desde uma inspeção a um equipamento industrial até discutir uma proposta técnica ou comercial. Esta abrangência de funções é muito positiva para o cliente, é-lhe vantajoso ter alguém que conhece não só o equipamento que vai inspecionar ou os respectivos fenómenos de degradação, mas também os processos de reparação mais adequados e todo o contexto legal aplicável. Quando ando de casaco azul (fato-macaco) faço sobretudo inspeção a equipamentos relacionados com a produção de pasta de papel, em especial a caldeiras de recuperação química, um equipamento que apresenta alguns riscos de funcionamento e que requer muita experiência. Boa parte desta atividade de inspeção, pela grande diversidade de equipamentos que envolve, reúne colegas de vários departamentos do ISQ, cabendo a mim assumir a coordenação das equipas.

O que faz um engenheiro de Máquinas Marítimas, Mecânica e Soldadura quando não está a fazer inspeções e a pensar em procedimentos?

Trabalho muitos fins de semana por ano e viajo com alguma frequência, por isso no tempo livre gosto de estar com a família, com os amigos, de jogar à bola e ver jogos de futebol da Académica, o meu clube do coração. Também gosto, sempre que posso, de praticar vela, ler ou desenhar. São desenhos fora da Engenharia, para me descontrair e abstrair do mundo.

Como se explica o que é uma inspeção de uma caldeira de recuperação química a uma criança?

Explica-se que é um equipamento muito complexo, com a dimensão de um edifício de 16 andares, em que a inspeção vai procurar coisas que às vezes têm uns dois milímetros de comprimento. Tem de se conhecer bem o processo de funcionamento do equipamento, como é operado pela fábrica e o histórico das inspeções anteriores. Depois prepara-se a inspeção, que envolve entrar no equipamento, observar a sua condição e identificar as reparações a realizar. Por fim, avalia-se se apresenta garantias de funcionar de forma segura até à próxima inspeção, a realizar 18 meses depois.

Trabalhar no ISQ influenciou de alguma forma o profissional e a pessoa que é hoje?

Sem dúvida. São quase 20 anos. Alguma coisa estaria errada se não me tivesse influenciado. O ISQ permitiu-me estudar e aprender coisas novas que influenciaram a pessoa e o profissional que sou hoje.

Se tivesse de escolher o melhor momento que viveu até hoje no ISQ, qual seria?

Seria o segundo ano no ISQ, em que me envolvi na construção de uma nova unidade de cozimento na área da produção de pasta de papel. Durante um ano houve tempo para aprender sobre o processo e sobre a reconhecida normalização sueca e finlandesa.

Em criança, o que queria ser quando fosse grande e como surge a descoberta da vocação para a Engenharia?

O meu sonho era ser piloto aviador, mas no 8º ano surgiu a ideia da Engenharia Aeronáutica. Mais tarde concorri à Academia da Força Aérea e fiquei como suplente: um grande desgosto! Mas também me tinha candidatado ao ensino superior e entrei na Escola Naútica, em Engenharia de Máquinas Marítimas. Já não sei identificar a razão da paixão por aviões. Talvez porque no autocarro que me levava ao jardim de infância tenha conhecido um senhor, cujo filho era piloto, e as histórias que contava dele fascinavam-me. Hoje nem gosto nada de voar, de estar horas enfiado num tubo metálico. Mas de aviões, continuo a gostar.

Autor: Sofia Bernardo, Comunicação e Imagem

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